FORMAÇÃO DO CRÂNIO
O crânio pode ser subdividido em duas partes: o neurocrânio que forma uma caixa protetora ao redor do cérebro, e o viscerocrânio, que forma o esqueleto da face. Para entendermos melhor o desenvolvimento dos ossos do crânio, este ainda se dividido em cartilaginoso, quando os ossos se originam de peças de cartilagem hialina após a ossificação endocondral, e em membranoso, quando se originam da ossificação intramembranosa do mesênquima.
NEUROCRÂNIO CARTILAGINOSO (CONDROCRÂNIO)
Consiste na base cartilaginosa do crânio em desenvolvimento, sendo formado pela fusão de várias peças de cartilagem hialina e sua posterior ossificação endocondral dando origem aos ossos da base do crânio, iniciando com o osso occipital, esfenoide, etmoide e parte do temporal (Fig. 1).
Base do osso occipital
Formado a partir da fusão da cartilagem paracordal, localizada em torno da extremidade cranial da notocorda, com as cartilagens derivadas das regiões de esclerótomos dos somitos occipitais. Posteriormente, extensões crescem em torno da extremidade cranial da medula espinhal e formam os limites do forame magno.
Osso esfenoide
O corpo desse osso é formado a partir da cartilagem hipofisária que se localiza em torno da hipófise em desenvolvimento. Já a asa menor tem origem na ala orbitalis e a asa maior na ala temporalis.
Osso etmoide
Formado pela fusão das cartilagens trabeculae cranii (corpo) com as cápsulas nasais, que se encontram nos sacos nasais em desenvolvimento.
Parte do osso temporal
A parte mastoidea e petrosa do osso temporal se foram a partir da fusão e ossificação das cápsulas óticas que se desenvolvem ao redor das vesículas óticas, os primórdios das orelhas internas.
NEUROCRÂNIO MEMBRANOSO
É derivado das células da crista neural e do mesoderma paraxial que recobrem o encéfalo em desenvolvimento e sofrem ossificação intramembranosa. O resultado é a formação de ossos chatos e membranosos formando a calvária ou calota craniana, que são caracterizados pela presença de espículas ósseas que se irradiam progressivamente a partir de centros primários de ossificação no sentido da periferia (Fig. 2). Com a continuação do crescimento durante a vida fetal e pós-natal, os ossos membranosos crescem por aposição de novas camadas na superfície externa e por reabsorção osteoclástica simultânea do interior.
Durante a vida fetal, os ossos chatos são separados por membranas de tecido conjuntivo denso que formam articulações fibrosas, as suturas. O local onde várias suturas se encontram formam as fontanelas (moleiras), caracterizadas por seis grandes áreas fibrosas (Fig. 3). Essas estruturas permitem a modelagem durante o parto, onde os ossos frontais tornam-se planos, o osso occipital torna-se proeminente, e um osso parietal se sobrepõe ligeiramente sobre o outro. Logo após o parto, se movem de volta para as suas posições originais.
Várias sutura e fontanelas permanecem membranosas após o parto. Os ossos continuam a crescer após o nascimento, principalmente porque o cérebro cresce. Embora uma criança entre cinco e sete anos de idade tenha praticamente toda a sua capacidade cranial, algumas suturas permanecem abertas até a idade adulta.
VISCEROCRÂNIO CARTILAGINOSO
É derivado do esqueleto cartilaginoso dos dois primeiros arcos faríngeos, o arco mandibular e o arco hioide (Fig. 6 – B). A extremidade dorsal da cartilagem do primeiro arco faríngeo – cartilagem de Meckel, se ossifica dando origem ao martelo e a bigorna, ossos da orelha média. A extremidade dorsal da cartilagem do segundo arco faríngeo – cartilagem de Reichert, se ossifica formando o estribo da orelha média, e o processo estiloide do osso temporal. Sua extremidade ventral, após ossificação endocondral, formará o corno menor e a parte superior do corpo do osso hioide.
VISCEROCRÂNIO MEMBRANOSO
Ossos da face formados a partir da ossificação intramembranosa do mesênquima do primeiro arco faríngeo – arco mandibular (Fig. 6 –B). A ossificação intramembranosa da proeminência mandibular dará origem à maxila, aos ossos temporais e ao zigomático. O osso temporal torna-se-á parte do neurocrânio.
O mesênquima da proeminência mandibular se condensa ao redor da cartilagem de Meckel e sofre uma ossificação intramembranosa formando a mandíbula. Algumas ossificações endocondrais ocorrem no plano mediano do mento e no côndilo da mandíbula.
BIBLIOGRAFIA:
Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.
Sadler, TW. Langman – Embriologia Médica, 13ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.