É o período no qual as principais estruturas internas e externas se estabelecem. Ao fim dele, os principais sistemas de órgãos já iniciaram seu desenvolvimento com funcionamento mínimo (excetuando-se o sistema cardiovascular). A formação dos tecidos e órgãos leva à mudança na forma do embrião. No final da oitava semana, o embrião encontra-se com aspecto humano.
O desenvolvimento embrionário é dividido em três fases:
- Crescimento: envolve divisão celular e elaboração de produtos celulares.
- Morfogênese: desenvolvimento da forma, do tamanho e outras características de um órgão ou parte do corpo. Envolve alterações complexas e o movimento das células possibilita a interação entre as mesmas durante a formação de tecidos e órgãos. É um processo molecular complexo controlado pela expressão e regulação de genes específicos em uma sequência ordenada.
- Diferenciação: maturação dos processos fisiológicos. Seu término resulta na organização de células em um padrão preciso de tecidos e órgãos que são capazes de executar funções especializadas.
O dobramento do disco embrionário trilaminar plano permite o estabelecimento da forma do corpo do embrião e é um importante acontecimento durante este período embrionário. Esse dobramento acontece, simultaneamente, no plano mediano (céfalo-caudal) e no plano horizontal (transversal) (Fig. 1), decorrente do rápido crescimento do embrião, onde a velocidade de crescimento nas laterais do disco embrionário não acompanha o ritmo de crescimento do eixo maior. Concomitantemente a esse crescimento, a vesícula umbilical (saco vitelino) sofre uma constrição relativa.
DOBRAMENTO DO EMBRIÃO NO PLANO MEDIANO
O dobramento ventral das extremidades do embrião produz as pregas cefálica e caudal, levando essas regiões a se deslocarem ventralmente, enquanto o embrião alonga-se cefálica e caudalmente. Note o rápido desenvolvimento do tubo neural que dará origem ao sistema nervoso central. (Fig. 2 A-D)
- Prega cefálica: ao início da quarta semana, as pregas neurais da região cefálica formam o primórdio do encéfalo ao se espessarem (Fig. 2 – A). O encéfalo em desenvolvimento projeta-se dorsalmente na cavidade amniótica (Fig.2 – B e Fig. 3 – A). O encéfalo anterior em desenvolvimento, então, cresce na direção cefálica além da membrana bucofaríngea (orofaríngea), colocando-se sobre o coração em desenvolvimento (Fig. 2 – B). Ao mesmo tempo, o septo transverso, o coração primitivo, o celoma pericárdico e a membrana bucofaríngea movem-se na superfície ventral do embrião (Fig. 3 – A). No período do dobramento longitudinal, o intestino anterior, que se situa entre o encéfalo e o coração, é formado a partir da incorporação de parte do endoderma do saco vitelino (Fig. 2 – C). A membrana bucofaríngea (orofaríngea) separa o intestino anterior do estomodeu. Posteriormente, esta membrana se rompe, estabelecendo uma conexão livre entre a cavidade oral e o intestino primitivo. Depois do dobramento, o celoma pericárdico está localizado ventralmente em relação ao coração, e cefálico ao septo transverso. Nesse momento, os celomas intra e extraembrionário comunicam-se livremente por ambos os lados (Fig. 3 – A).
- Prega caudal: o crescimento da parte distal do tubo neural – primórdio da medula espinhal, leva ao dobramento da extremidade caudal, levando à projeção da eminência caudal (uma região da cauda) sobre a membrana cloacal (futura região do ânus) (Fig. 2 – B e Fig. 3 – B). Durante o dobramento, parte da camada endodérmica é incorporada formando o intestino posterior (primórdio do colo descendente e reto) (Fig. 2 – C). Sua porção distal se dilata e forma a cloaca delimitada pela membrana cloacal, que se rompe na 7ª semana criando uma abertura para o ânus (Fig. 3 – B). A linha primitiva, que antes do dobramento encontrava-se cranialmente à membrana cloacal, fica agora caudal (fig. 3 – B). O pedículo de conexão ou do embrião (primórdio do cordão umbilical) fica preso à superfície ventral do embrião, enquanto a alantoide (divertículo da vesícula umbilical) é parcialmente incorporada ao embrião (Fig. 2 – D e Fig. 3 – B).
DOBRAMENTO DO EMBRIÃO NO PLANO HORIZONTAL
Resulta do rápido crescimento dos somitos e da medula espinhal levando à formação das pregas laterais direita e esquerda (Fig. 4 A e C). O embrião torna-se cilíndrico a partir do dobramento da parede ventrolateral em direção ao plano mediano, deslocando as bordas do disco embrionário ventralmente (Fig. 4 – B). Com a formação das paredes abdominais, parte da camada germinativa endodérmica é incorporada dando origem ao intestino médio (primórdio do intestino delgado) (Fig. 4 C e D). Com a transformação do pedículo de conexão (pedículo do embrião) no cordão umbilical, a fusão ventral das pregas laterais reduz a região da comunicação entre as cavidades celômicas intra e extraembrionárias a uma comunicação estreita (Fig. 4 – A). À medida que a cavidade amniótica se expande e oblitera a maior parte do celoma extraembrionário, o âmnio passa a formar o revestimento epitelial que recobre o cordão umbilical (Fig. 4 – D).
Como resultado do dobramento da cabeça, da cauda e das duas dobras laterais da parede do corpo, a parede ventral do corpo do embrião é fechada, exceto por uma pequena parte na região umbilical onde o ducto da vesícula umbilical (saco vitelino) e o pedículo de conexão (do embrião) estão ligados.