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Embrionhands

        Uma imersão no estudo da embriologia e da reprodução humana        

Mas o que é a reprodução humana assistida?
01 / 10 / 2024

A reprodução humana assistida (RHA) refere-se a um conjunto de técnicas médicas utilizadas para ajudar indivíduos ou casais a conceber uma criança. Essas técnicas são empregadas principalmente em casos de infertilidade, quando uma gravidez natural não é possível ou é improvável, além de casais homoafetivos e mulheres ou homens sem um parceiro. A RHA pode envolver a manipulação de óvulos, espermatozóides ou embriões fora do corpo humano, além de procedimentos que facilitam a fecundação.

As técnicas de RHA podem ser divididas entre baixa complexidade, onde a fecundação ocorre no aparelho reprodutor feminino, como a inseminação intrauterina, ou de alta complexidade, quando o processo de fecundação ocorre no laboratório e os embriões resultantes são colocados no útero, como no processo de fertilização “in vitro”.

A seguir falaremos um pouco de cada uma das principais técnicas utilizadas:

1. Inseminação Artificial (IA)

A inseminação artificial, como citado anteriormente, é a técnica de baixa complexidade mais utilizada, que envolve a introdução de espermatozóides diretamente no útero, colo do útero ou nas tubas uterinas da mulher. 

Pode ser feita com espermatozoides do parceiro ou de um doador. Essa técnica é utilizada principalmente quando há problemas com a qualidade ou mobilidade dos espermatozoides, ou em casos de infertilidade inexplicada

Todo esse processo ocorre em algumas etapas:

  • Estimulação ovariana – Quando a mulher tem ovulação regular e o tratamento de reprodução é indicado por outros fatores, como alterações masculinas, é possível fazer a inseminação artificial sem estimulação ovariana.

Contudo, o ciclo de estimulação é indicado na maioria dos casos, a fim de obter mais óvulos e maximizar as chances de gravidez.

Assim, medicamentos hormonais são utilizados, normalmente à base de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) ou Lh (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante) e o crescimento dos folículos ovarianos é acompanhado por ultrassonografia.

  • Indução da ovulação – Quando eles chegam ao tamanho adequado e maturação adequados, a mulher recebe então uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana). Este hormônio faz com que os folículos se rompam e liberem o óvulo maduro em direção às tubas uterinas para que possam ser fecundados.
  • Preparo seminal – Antes da coleta de sêmen para a inseminação, o homem deve ter realizado um exame conhecido como espermograma, que visa avaliar alterações espermáticas.

Se essas alterações forem leves à moderadas, ainda é possível ter sucesso com esse tipo de tratamento.

Em seguida, o sêmen é coletado e capacitado, para que seja possível separar os móveis e morfologicamente adequados.

  • Inseminação – A inseminação em si é um procedimento simples e indolor, onde os gametas masculinos selecionados são depositados na cavidade uterina por via transvaginal com o auxílio de um cateter.

Após a inseminação, pode ser necessário o uso de progesterona para ajudar o embrião a se fixar no endométrio. O teste para confirmação da gravidez é realizado após 12 a 14 dias, sendo realizado preferencialmente do de sangue ao de urina.

As taxas de gravidez com inseminação artificial ficam entre 10% e 20% por ciclo. O casal pode fazer até 3 tentativas com essa técnica e, caso não haja sucesso, a FIV é apresentada como melhor alternativa de tratamento.

Legenda: Esquema ilustrando a técnica de inseminação artificial.

2. Fertilização In Vitro (FIV)

A fertilização in vitro é uma das técnicas de RHA mais conhecida. 

As etapas que fazem parte desse processo são:

  • Estimulação ovariana e indução da ovulação, como explicado em inseminação artificial.
  • Punção folicular e coleta sêmen – No período previsto para maturação, cerca de 35 horas depois, os folículos maduros são coletados por um procedimento cirúrgico chamado punção folicular, que utiliza um ultrassom com uma guia acoplada a ele, composta por uma agulha fina e um dispositivo de sucção.

A coleta de sêmen ocorre ao mesmo tempo da punção, para que o mesmo possa ser preparado adequadamente, dentro da janela de tempo necessária para a fecundação.

  • Fecundação – A fecundação nesse processo, ao contrário da inseminação artificial, ocorre em laboratório, onde o espermatozóide é deixado em contato com o óvulo durante 24 horas, sem a manipulação do embriologista, para que esta ocorra da forma mais natural possível. Após esse período, o embriologista faz uma limpeza nos óvulos e verifica se houve a fecundação. 

Os embriões formados são cultivados por um período de 5 a 6 dias, para então serem transferidos ou congelados. 

Legenda: Esquema ilustrando a técnica de fertilização in vitro (FIV).

3. Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide (ICSI)

A ICSI é uma técnica que faz parte do processo de FIV e, por isso, compartilham a maioria das etapas, mas com uma diferença crucial: em vez de permitir que os espermatozoides fertilizem os óvulos naturalmente, um único espermatozóide é injetado diretamente no óvulo, com o auxílio de um aparelho de alta precisão chamado micromanipulador de gametas.

Esta técnica é usada principalmente em casos de infertilidade masculina severa, onde há uma contagem muito baixa de espermatozoides ou problemas com a motilidade.

As taxas de sucesso da ICSI variam entre 35% e 80%, dependendo da idade da mulher e das causas de infertilidade do casal.

Legenda: Esquema ilustrando a técnica FIV com Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide (ICSI)

4. Biópsia Embrionária

A biópsia embrionária é uma técnica de diagnóstico pré-implantacional (PGD) ou seja, realizada antes da transferência embrionária, é usada em conjunto com a fertilização in vitro (FIV). Essa técnica permite a análise genética de embriões antes de serem transferidos para o útero. O objetivo principal é identificar possíveis anomalias genéticas ou cromossômicas, aumentando as chances de uma gravidez bem-sucedida e reduzindo o risco de doenças genéticas hereditárias.

Apesar de não se caracterizar como um método de RHA, a biópsia desempenha um papel essencial ao detectar anomalias cromossômicas e doenças monogênicas ou ligadas ao sexo.

Legenda: Esquema ilustrando a técnica de biópsia embrionária

Considerações finais

A reprodução humana assistida oferece uma gama de opções para pessoas que enfrentam dificuldades para conceber de forma natural. As técnicas têm avançado significativamente ao longo das últimas décadas, permitindo que milhões de pessoas em todo o mundo realizem o sonho de formar uma família. 

Por: Beatriz Rodrigues Herdy e Fátima Maria Eusébio de Brito

Ilustrações: Vittória Navarro do Amaral Almeida/ BioRender

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