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Embrionhands

        Uma imersão no estudo da embriologia e da reprodução humana        

Cap. 4 – 3ª semana do desenvolvimento – Gastrulação
03 / 09 / 2019

A terceira semana do desenvolvimento embrionário coincide com a primeira semana de ausência da menstruação, que se considera um importante sinal de uma possível gravidez. Vale ressaltar que, nem sempre a ausência de menstruação, chamada menorreia é causada por uma gravidez, essa ausência pode ser resultado de outros fatores fisiológicos, como por exemplo, distúrbios hormonais.

 É nesta semana que ocorrem três processos críticos para a continuação do desenvolvimento do embrião. São eles: gastrulação, formação da notocorda e neurulação.

 GASTRULAÇÃO

A gastrulação define o início da morfogênese, que é o período no qual o corpo começa a se desenvolver. Durante este processo ocorre a transformação do disco embrionário bilaminar, formado por epiblasto e hipoblasto, em um disco embrionário trilaminar, composto pelo ectoderma, mesoderma intra-embrionário e endoderma, podendo o embrião ser chamado de gástrula. Cada uma destas três camadas germinativas dará origem a tecidos e órgãos específicos (Fig. 1):

ECTODERMA EMBRIONÁRIO: Origina a epiderme, sistema nervoso central e periférico, olhos, orelhas internas, células das cristas neurais e muitos tecidos conjuntivos da cabeça.

MESODERMA INTRA-EMBRIONÁRIO: Origina as camadas musculares lisas viscerais e todos os músculos esqueléticos; é fonte de células do sangue, da medula óssea e ao revestimento dos vasos sanguíneos; dá origem aos revestimentos serosos de todas as cavidades do corpo; ductos e órgãos dos sistemas reprodutor e excretor e a maior parte do sistema cardiovascular. No tronco, é fonte de todos os tecidos conjuntivos, incluindo a cartilagem, os ossos, os tendões, os ligamentos, a derme e o estroma dos órgãos internos.

ENDODERMA EMBRIONÁRIO: Origina os revestimentos epiteliais dos tratos respiratórias e gastrointestinal, incluindo as glândulas que se abrem no trato gastrointestinal e às células glandulares dos órgãos associados, tais como o fígado e pâncreas.

Fig. 1: Esquema ilustrando os derivados das três camadas germinativas: ectoderma, mesoderma intra-embrionário e endoderma. Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

Fig. 1: Esquema ilustrando os derivados das três camadas germinativas: ectoderma, mesoderma intra-embrionário e endoderma.
Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

Formação da linha primitiva

O primeiro sinal morfológico da gastrulação é a formação da linha primitiva na superfície do epiblasto do disco embrionário bilaminar. (Fig. 2).

Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

O surgimento da linha primitiva permite a identificação, no embrião, do eixo craniocaudal, das extremidades cefálica e caudal, das superfícies dorsal e ventral e dos lados direito e esquerdo.

A formação da linha primitiva ocorre na região caudal do embrião, por proliferação e migração de células do epiblasto, para o plano mediando do disco embrionário. À medida que a linha primitiva vai se alongando pela adição de células na região caudal, a região cefálica sofre proliferação, surgindo assim o nó primitivo. Ao longo da linha primitiva, forma-se uma depressão chamada de sulco primitivo, que é contínuo com uma pequena depressão no nó primitivo, a fosseta primitiva. Tanto o sulco primitivo quanto a fosseta primitiva são formados pela invaginação das células do epiblasto.(Fig. 3)

Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

Fonte: Sadler, TW. Langman – Embriologia Médica, 11ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

Durante esse processo, algumas células do sulco primitivo da linha primitiva no epiblasto invaginam (Fig. 4) e deslocam o hipoblasto, criando o endoderma embrionário. Outras, irão ficar entre o epiblasto e o endoderma recém-criado dando origem inicialmente ao mesoblasto, para posteriormente se diferenciar e formar o mesoderma intra-embrionário, e as células remanescentes do epiblasto formarão, então, o ectoderma. Desta forma, podemos observar que o epiblasto durante a gastrulação é a fonte de todas as camadas germinativas, e as células destas camadas darão origem a todos os tecidos e órgãos do embrião (Fig. 5).

Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

Fonte: Moore KL, Persaud TVN, Torchia, MG. Embriologia clínica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2012.

A linha primitiva forma ativamente o mesoderma intra-embrionário até o início da quarta semana. Depois disso, há uma desaceleração na produção do mesoderma, e a linha primitiva sofre mudanças degenerativas, diminuindo assim de tamanho, tornando-se uma estrutura insignificante na região sacrococcígea do embrião. Normalmente, a linha primitiva desaparece no final da quarta semana do desenvolvimento.

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